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Tudo começa a fazer sentido ??

Fatores Positivos da desvalorização cambial na economia 


 


A desvalorização do Real tem, entre outras, três consequências principais para a economia doméstica: aumento de preços, favorecimento da indústria nacional e atração de investimentos.


 


a)   Favorecimento dos Investimentos


 


O primeiro efeito da desvalorização do real é o aumento do fluxo de capitais investidos no Brasil. Em 2015, ano em que o dólar teve alta de 43,95% frente ao real, o fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) para o país aumentou 18% considerando apenas o setor de serviços conforme a Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad).


 


Devido a valorização do dólar possibilitar adquirir um número maior de bens vendidos em reais, aplicar em ativos brasileiros passa a ser mais lucrativo. Os ativos adquiridos hoje poderão gerar maior retorno quando liquidados futuramente no momento em que o real voltar a se valorizar.


 


Essa perspectiva de retorno oriunda dos investimentos no setor tem sido percebida por outros fundos estrangeiros. A combinação de real desvalorizado e queda dos preços de imóveis, como ilustrada anteriormente, tem atraído aportes financeiros estrangeiros ainda maiores para o setor, sobretudo a partir do final de 2015 quando a participação de investidores não residentes em fundos imobiliários cresceu substancialmente em relação aos demais meses do ano, conforme gráfico abaixo:


 


 


Fonte: BM&FBOVESPA. Elaboração Econsult.


 


b)   Favorecimento da Indústria


 


O segundo efeito da queda no valor do real é fato de a indústria doméstica ser beneficiada pelo aumento da demanda nacional e internacional. A primeira é estimulada pela substituição de importados, mais caros, por produtos nacionais e a segunda pelo maior poder de compra que o dólar valorizado proporciona aos estrangeiros. Assim, há uma tendência de crescimento do setor industrial e também das exportações. Apesar de a indústria ainda não responder positivamente à variação cambial, o volume de bens exportados já apresentou crescimento a partir de 2015 quando o dólar atingiu valores mais altos.


 


 


                      Fonte: Bacen, MDIC. Elaboração Econsult.


 


c)   Impactos nos Preços


 


Em um país que tem sua moeda desvalorizada é mais custoso importar. Nesse prisma, as empresas que usam mercadorias importadas em suas operações tem um custo maior para ofertar os seus produtos e, à medida que esse gasto adicional é repassado ao consumidor final, isso contribui para a elevação dos preços internos do país.


 


Outra consequência da desvalorização da moeda brasileira é um aumento nos preços dos principais insumos usados no setor, como aço e cimento, o que impactaria o preço dos imóveis a serem lançados futuramente e cuja edificação incorporasse uma estrutura de custos inflada pelo câmbio. Todavia, os preços dos ativos imobiliários, sejam novos ou usados, são mais afetados pela relação de oferta e demanda no mercado interno, por isso é que se pode observar atualmente a queda no índice geral de preços dos imóveis concomitantemente ao movimento de alta do dólar. Como essas duas variáveis não tem relação necessariamente inversa, o quadro atual cria uma oportunidade de investimento externo dado o cenário criado com esta combinação.


 


 


Fonte: Banco Central, Fipe. Elaboração Econsult[1].


 


Em relação as projeções do cambio, o atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que pretende manter o câmbio flutuante durante o período em que for o chefe da autarquia. Ainda assim, ressaltou que possíveis intervenções podem ocorrer por questões de falta de liquidez. Deste modo, espera-se um cenário no qual o câmbio seja cada vez mais ditado pelas expectativas do mercado, com uma projeção de queda das intervenções do Banco Central para delimitar um piso à cotação.


 


O último boletim Focus, de 8 de julho, prevê expectativas do mercado para uma taxa de câmbio este ano de R$ 3,40 e de R$ 3,55 para 2017. Já as projeções de longo prazo do Bradesco e do Itaú também apostam em uma desvalorização do câmbio no longo prazo, com a ressalva de que ambos esperam uma redução na cotação para este ano. O gráfico abaixo demonstra quais são os valores esperados por estas instituições:


 


Fonte: Banco Central, Fipe. Elaboração Econsult.


 


O gráfico demonstra que as expectativas não diferem muito entre as instituições assim como quando relacionadas com a expectativa do mercado divulgada pelo boletim Focus. Esta variação, acompanhada da sinalização de Ilan, que apesar de não ser uma confirmação da política a ser adotada fornece uma base para as previsões, demonstra que o cenário cambial futuro do país ainda é incerto, porém a expectativa converge para o fato de que a cotação deverá aumentar.


 


Dessa forma, a atual conjuntura econômica que reúne desvalorização cambial, queda de preços no setor de imóveis e recuperação da indústria no médio e longo prazo formam um cenário atrativo para o investimento estrangeiro no setor imobiliário.






[1] O gráfico apresenta a variação real do Índice FipeZap abrangendo a variação de preços de venda de imóveis; a taxa de câmbio envolve a média dos períodos considerados.



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